sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Voar

Na praia deserta, um canto de aves marinhas me despertou do sono. Se sobrepôs ao ruído das ondas sutilmente, e então foi ficando mais forte. Passou por mim o bando em voo rasante, da praia em direção ao mar. Segui com os olhos. Elas não pararam, não mudaram de direção, continuaram voando para o mar profundo.



Para onde vão as aves? O sol está se pondo, em breve a escuridão estará completa e essas aves não conseguirão voar para sempre. 

Elas perderam o senso? Eu sabia, através de documentários, que o comportamento de grupos de certas espécies faz com que, às vezes, tomem um caminho errado. Como um grupo de baleias que, seguindo um lider pouco inspirado, encalham nos bancos de areia muito próximos à praia. Mas será que isso acontece com aves marinhas?

Nesse momento, sem perceber, eu fiz uma dessas duas escolhas:

1. Vou confiar no meus olhos. Cedo ou tarde, as aves perderão a força. Algumas cairão na água imediatamente e outras tentarão voltar. Pode ser que algumas consigam. Agora sei que o comportamento das aves é irracional. Um dia, escreverei alguma coisa para que as pessoas não sejam como estas aves inconsequentes.

2. Vou voar com as aves. Mas para voar preciso perder este ponto de vista que tenho agora na praia, em troca de outra compreensão da realidade. Pagarei o preço da irracionalidade e colherei a incompreensão de quem fez a primeira escolha. Mas vou descobrir o segredo das aves e um dia escreverei alguma coisa para contá-lo. 



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